Homenagem aos 95 anos de Amália Rodrigues (1920-2015)
Há muito tempo vinha ouvindo e pesquisando a discografia de Amália Rodrigues. Depois de ter conhecido a casa dela em Lisboa em 2012, li tudo sobre ela e, sem perceber, amadureci um projeto que queria fazer mas ainda não sabia como. Não sou fadista, mas gosto muito de Amália Rodrigues, como gosto de Mercedes Sosa, de Clara Nunes ou de Luiz Gonzaga. São artistas que curto e que influenciaram a minha vida artística. A canção “Foi Deus” por exemplo está dentro de mim desde criança, quando ouvi pela primeira vez um LP de Amália na casa de uma tia minha, no sertão de Pernambuco. Gravei no disco Êxtase em 1995. Cantei em Lisboa e em Estoril quando fui representar o Brasil na comemoração dos 15 anos da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa). Aí veio o desejo de interpretar algumas músicas de Amália, aquelas que ficam bem na minha voz e que não são tão dramáticas. Acabei escolhendo 14 temas variados que eu poderia interpretar do meu jeito. Convidei o acordeonista Mahatma Costa com quem tenho intimidade musical. Como ele não conhecia muito do repertório de Amália, foi ótimo, pois assim pudemos criar arranjos diferentes, mais suaves, ressaltando as influencias da música cigana e moura, dando uma nova cor e mais leveza a esse gênero musical dramático e teatral na sua origem. Com uma nova interpretação, dando um sotaque brasileiro ao repertório imortalizado por essa diva portuguesa. Depois de muitos ensaios, chegamos ao que eu queria. Fugimos dos arranjos típicos do fado usando apenas dois instrumentos bem brasileiros, violão e acordeom. Um desafio!
Convidei o Beto do Bandolim e o cantor Tonfil para participar desse espetáculo. E foi no palco do lindíssimo teatro Santa Isabel de Recife, lotado, que estreamos “A Arte de Amália Rodrigues por Maria Dapaz e Mahatma Costa” dentro da programação do festival internacional de artes cênicas de Pernambuco “Janeiro de Grandes Espetáculos”. Uma noite inesquecível, com muita emoção no palco e na plateia. Produção e direção: Jocelyne Aymon. |